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Aristóteles
"O verdadeiro discípulo é aquele que supera o mestre."Foi Aristóteles quem escreveu este pensamento. Ele foi um filósofo grego aluno de Platão e professor de Alexandre o Grande. É considerado um dos maiores pensadores de todos os tempos e criador do pensamento lógico.
Cronologia:
384 a.C.: Nasce Aristóteles em Estagira, próximo de Pela, a capital da Macedónia.
373 a.C.: Morrem seus pais; vai viver para casa de uma irmã em Mísia. O cunhado será o seu tutor. Torna-se amigo de Hermias que virá a ser o tirano de Assos.
367 a.C.: Aos 17 anos Aristóteles frequenta a Academia de Platão, em Atenas.
356 a.C.: Nasce Alexandre, filho de Filipe da Macedónia.
347 a.C.: Morre Platão. Aristóteles não aceita Euspeusipo como novo director da Academia e parte para Assos, onde governa Hermias. Depois da morte deste vai para Mitilene, na ilha de Lesbos.
343 a.C.: Aos 41 anos Aristóteles parte para Pela, a fim de se ocupar da instrução de Alexandre.
340 a.C.: Aos 44 anos Aristóteles volta para a sua terra natal, Estagira; casa com Pítia. Durante 5 anos gere as suas propriedades.
336 a.C.: Filipe da Macedónia é assassinado. Sucede-lhe Alexandre.
335 a.C.: Aos 49 anos Aristóteles abre o Liceu, em Atenas. Alexandre financia-lhe a construção e manutenção da escola.
323 a.C.: Morre Alexandre. Aristóteles tem 61 anos; perseguido pelos gregos, foge para a ilha Eubeia, onde vive sua mãe.
322 a.C.: Morre na ilha Eugeia, aos 62 anos, no mesmo ano em que morre Demóstenes.
Infância
Para um Ateniense, ser macedónio era ser selvagem. As rudes montanhas, os vales fundos, as florestas verdejantes, as abruptas torrentes de água, a natureza exuberante, as Bacantes (sacerdotisas do deus Dionísio, Baco no panteão Romano) que ali têm o seu domínio, os ritos e cultos estranhos, tudo isso desagradava profundamente ao seco e civilizado cidadão de Atenas.
Em 384 a.C. ano em que nasceu Aristóteles, a Macedónia era governada por Amintas II. Nicómaco, o pai do filósofo, era médico da corte. A um dia de viagem de Pela, situava-se Estagira. É uma pequena cidade marítima, num golfo do mar Egeu.
A Macedónia e a Grécia estavam ligadas pela cultura e história comuns, mas os atenienses encaravam mal os povos do Norte, por isso o povo macedónico era simultâneamente desprezado e temido.
Nicómaco queria para o filho um destino grego. Deu-lhe um nome grego e quebrou um costume ancestral: o filho deveria ter o nome do avô, Macaon. Aristóteles, mais tarde, retomou essa tradição e deu ao filho o nome do seu pai.
As duas irmãs mais velhas de Aristóteles tiveram um papel importante na sua vida. Uma foi mãe de Calístenes (mais tarde, Alexandre mandá-lo-ia matar), erudito e historiador. A outra irmã acolheu-o em sua casa após a morte dos pais, e Proxénos, marido de Arimnesta, foi seu tutor.
Dois anos depois de Aristóteles, nasceu Filipe da Macedónia. Os jovens foram companheiros e amigos e partilharam uma paixão: a natureza. Juntos percorreram florestas, estudaram as plantas, os animais, as aves e os peixes. Foi aí que Aristóteles despertou para a biologia. A sua amizade, apesar de todas as divergências políticas, foi sólida e sincera até ao assassínio de Filipe.
Foi no mar Egeu, junto ao monte Athos, que Aristóteles iniciou a investigação dos animais, em especial, os marinhos. Foi nessa altura que ele fez as primeiras dissecações. No entanto, foi nos livros que encontrou maior satisfação. Leu obras de filósofos Atenienses, poesia, particularmente Homero. Foi um jovem curioso, atento, paciente e trabalhador.
Aos onze anos, Aristóteles perdeu os pais. Não se sabe como - se por doença, se por acidente. O seu primeiro exílio foi em Mísia, na casa da irmã Arimnesta e Proxénos. A adolescência viveu-a entre os livros e para os livros. Cumprindo os desejos do seu pai, e o seu também, aos dezassete anos, Aristóteles foi para Atenas.
O Mestre, o Discípulo
Entrou na Academia de Platão e por lá ficou durante vinte anos a aprender e a ensinar. Platão disse que Aristóteles foi o melhor dos seus alunos, a Inteligência, o Cérebro, o Espírito puro.
A Academia era um microcosmos da cidade e da sociedade. Surgiam invejas, intrigas e conspirações. Ao contrário de Platão que desprezava os rumores, Aristóteles deu-lhe sempre atenção, muitas vezes para a avaliar o seu contrário, outras para deles extrair o que era verdadeiro. Quando Aristóteles completou trinta e sete anos, Platão morreu. Espeusipo, filósofo e professor medíocre, por testamento, foi eleito o novo director da Academia. Aristóteles ficou decepcionado com a decisão de Platão e rumou para Assos, sob a protecção de Hermias (um antigo escravo eunuco, que se tormou rei e déspota) . Este foi o seu segundo exílio.
Junto ao mar, na ilha
Aristóteles nunca tentou moralizar Hermias. Dedicou-se ao trabalho, a ler, a escrever e a estudar.
Hermias é traído e entregue aos persas que o mataram. Aristóteles abandonou Assos e foi para Mitilene, capital de Lesbos, a mítica ilha de Safo. Durante mais cinco anos, deu lições e trabalhou nas suas obras.
Entretanto, Filipe II, pediu-lhe para ele ser o mestre de Alexandre. Aristóteles, parte de novo para a Macedónia.
O regresso a Atenas
Aristóteles casa com Pítia. Pítia dá-lhe uma filha. Mas, pouco depois, enviúva. Casou mais tarde com Herpília, e, deste casamento nasceu Nicómaco. Entretanto, Alexandre o Grande, anexou a Grécia à Macedónia e estabeleceu a paz. Cumpria-se o lendário sonho do império helénico sobre o mundo. Esqueceram-se, por momentos, as diferenças e divergências entre os dois povos. Antipater foi nomeado governador de Atenas e Aristóteles pode regressar de novo à cidade que tanto amava.
O Liceu
Aos quarenta e nove anos, o filósofo chegou, de novo, às portas da cidade de Atenas. Na Academia que fora de Platão, está agora, o seu condiscípulo Xenócrates. Mas o ensino tinha derivado para o misticismo.
Aristóteles, fundou então o Liceu. Situado a sudoeste de Atenas, num monte onde havia um templo a Apolo Liceano, o caçador de lobos. Aí existia um velho ginásio que Aristóteles comprou com o apoio financeiro de Alexandre. Edificou a biblioteca e os museus de zoologia e botânica. Com a ajuda de Teofrasto, que nunca o abandonou, Aristóteles ensinou durante doze anos. Alexandre prosseguia a campanha da Ásia, e o seu comportamento foi desaprovado por Aristóteles, que não lhe perdoou a morte de Calístenes. Em 323 a.C. Alexandre morre de febres. A unidade Macedónia-Grécia, desfez-se. Demóstenes, chefiou a facção ateniense e os velhos ódios voltaram.
Aristóteles, sabia que conspiravam contra ele. Partiu então para Calcis, com os seus manuscritos, Herpília e os filhos Pítia e Nicómaco.
A casa da mãe
Féstias, a mãe, era de Cálcis, a principal cidade da ilha Eubeia, a norte de Atenas. Aristóteles e a sua família, atravessaram o estreito de Euripo que separa a ilha da Ática. Instalou-se na casa que fora da sua mãe, uma propriedade de dimensão razoável. Aí projecta inúmeros trabalhos.
Quando Antipater, venceu finalmente as forças gregas e conquistou o poder em Atenas, Aristóteles já não tem forças para regressar. Tinha na altura 61 anos.
O pensamento de Aristóteles
"Mestre dos que sabem", assim se lhe refere Dante na Divina Comédia. Com Platão, Aristóteles criou o núcleo, que seria ser a base de toda a filosofia posterior. Mais realista do que o seu professor, Aristóteles percorreu todos os caminhos do saber: da psicologia, metafísica, retórica, lógica, política, ética e poesia. É impossível resumir a fecundidade do seu pensamento em todas as áreas. Apesar da riqueza da sua obra, ela só é integrada na cultura filosófica Europeia, pelos árabes, no século XIII.
Baseou o seu pensamento na teoria das causas. O conhecimento, é o conhecimento das causas - a causa material (aquilo de que uma coisa é feita), a causa formal (aquilo que faz com que uma coisa seja o que é), a causa eficiente (a que transforma a matéria) e a causa final (o objectivo com que a coisa é feita).
Para Aristóteles, a divindade não tem a faculdade da criação do mundo, este existe desde sempre. É a filosofia cristã, mais tarde, que vai dar à divindade o poder da Criação.
Aristóteles opõe-se, frequentemente, a Platão e à sua teoria das Ideias. Para ele, não é possível pensar uma coisa, sem lhe atribuir uma substância, uma quantidade, uma qualidade, uma actividade, uma passividade, uma posição no tempo e no espaço, etc.
Há duas espécies de Ser: os verdadeiros, que subsistem por si e os acidentes. Quando se morre, a matéria fica; a forma, o que caracteriza as qualidades particulares das coisas, desaparece.
Os objectos sensíveis são constituídos pelo princípio da perfeição (o acto), são enquanto são e pelo princípio da imperfeição (a potência), através do qual se lhes permite a aquisição de novas perfeições. O acto explica a unidade do ser, a potência, a multiplicidade e a mudança.
Aristóteles foi o criador da biologia. A sua observação da natureza, sem dispor dos mais elementares meios de investigação (o microscópio, por exemplo), apesar de ter hoje um valor quase só histórico, não deixa de ser extraordinária. O que mais o interessava era a natureza viva. A ele se deve a origem da linguagem técnica das ciências e o princípio da sua sistematização e organização.
Tudo se move e existe em círculos concêntricos, tendendo a um fim. Todas as coisas se separam, em função do lugar que ocupam, determinado pela natureza. Enquanto Platão age no plano das ideias, usando só a razão e mal reparando nas transformações da natureza, Aristóteles interessou-se por ambas. Não deixando de se apoiar na razão, o filho de Nicómaco usa também os sentidos. Para Platão, a realidade é o que pensamos. Para Aristóteles é também o que percepcionamos ou sentimos.
Chegaram até nós 47 textos do fundador do Liceu, provavelmente inacabados por serem apontamentos para as lições. Um dos vectores fundamentais do pensamento de Aristóteles é a Lógica, assim chamada posteriormente (ele preferiu sempre a designação de Analítica). A Lógica, é a arte de orientar o pensamento em várias direcções, para impedir que o homem caia em erros.
O Organon, será para sempre um modelo ao serviço da reflexão. O Estado, deve ser uma associação de seres iguais procurando uma existência feliz. O objectivo do homem é a felicidade. Esta atinge-se quando o homem realiza devidamente as suas tarefas, o seu trabalho. A vida da razão é a virtude. Uma pessoa virtuosa é a que possui a coragem (não a audácia), a competência (a eficiência), a qualidade mental (a razão) e a nobreza moral (a ética).
O verdadeiro homem virtuoso, é o que dedica largo espaço à meditação. Mas nem o próprio sábio se pode dedicar, totalmente, à reflexão. O homem é um ser social. Os que vivem sempre isoladamente, ou são deuses ou bestas. A razão orienta o ser humano, para que este evite o excesso ou o defeito. O homem deve encontrar o meio-termo, o justo meio; deve viver, usando prudentemente a riqueza; moderadamente os prazeres e conhecer, correctamente, o que deve temer.
Também na Poética, o seu contributo foi enorme: estabeleceu as características e os fins da tragédia. Uma das suas leis, estendeu-se por séculos, a todo o teatro: a regra das três unidades, acção, tempo e lugar.
Aristóteles cometeu muitas erros. Alguns são célebres:
Na biologia humana, por exemplo, considerou que o homem tinha oito pares de costelas, não reconheceu os ossos do crânio humano (três para o homem, um, circular, para a mulher), supunha que as artérias estavam cheias de ar (como, aliás, supunham os médicos gregos), pensava que o homem tinha um só pulmão. Aristóteles classificou e descreveu cerca de quinhentas espécies animais, das quais cinquenta terá dissecado - mas nunca dissecou um ser humano. A grandeza genial da sua obra não pode ser questionada por esses erros, pois temos que pensar que ele viveu há 2300 anos atrás.
Fonte: Wikipédia
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