Artes Visuales
Jardins com História
Só o ter flores pela vista fora
Nas áleas largas dos jardins exactos
Basta para podermos
Achar a vida leve
De todo o esforço seguremos quedas
As mãos brincando, pra que nos não tome
Do pulso, e nos arraste.
E vivamos assim.
Buscando o mínimo de dor ou gozo,
Bebendo a goles os instantes frescos,
Translúcidos como água
Em taças detalhadas.
Da vida pálida levando apenas
As rosas breves, os sorrisos vagos,
E as rápidas carícias
Dos instantes volúveis.
Pouco tão pouco pensará nos braços
Como que exilados das supremas luzes,
Escolhemos do que fomos
O melhor para lembrar.
Ricardo Reis, in Odes
(…)
Há em Portugal de Norte a Sul, jardins que vão desde os peristilos romanos de Conímbriga e claustros medievais até aos parques públicos do século XX. Cada época tem muito bons representantes, cujos traços comuns contribuem para esboçar a essência do jardim português. A maioria destes jardins são privados, desconhecidos do público, tem carácter pouco grandioso, jogando mais com os ambientes, o conforto, a escala humana e as vistas para o exterior. No entanto têm em comum um efeito tranquilo de refúgio, tanto mais valioso quanto mais confuso e carregado é o modo de vida que levamos no inicio deste segundo milénio. Os Jardins portugueses são parte da nossa cultura. Encontram-se atrás dos muros, espaços escondidos silenciosos, deixados crescer sem grandes trabalhos e só sujeitos à amenidade do clima que abençoa este país. Reflectem a essência de uma cultura reservada, mantêm uma escala humana que não lhes retira beleza nem calma. (…)
(…)
A definição de jardim complica-se quando a tentamos distinguir do conceito de paisagem, pois ambos partem dos mesmos termos de base: área a céu aberto onde cresce a vegetação, por onde circula a água, o vento e os animais, e sobre o qual o homem dedica o seu trabalho. Os conceitos divergem um pouco quando ao primeiro se associa uma intenção estética e um significado artístico, e ao segundo uma função utilitária e de produção. Mas também há jardins de grande beleza que produzem fruta, hortaliças, flores de corte, que podem juntar no mesmo espaço o ornamento e a produção. Assim, a função utilitária não distingue o jardim da paisagem. (…)
Este excerto pertence a um livro,
Jardins com História, elaborado por cinco mulheres – Cristina Castel-Branco, Teresa Chambel, Sofia Raimundo, Iole Sala, Rita Salgado e Ana Luísa Soares -, licenciadas pelo Instituto Superior de Agronomia (ISA) no curso de Arquitectura Paisagista. O seu trabalho foi publicado pela Editora Medialivros. É sobre os
trinta e dois jardins portugueses lá referidos que irei falar e mostrar nos próximos artigos.
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