Artes Visuales
Mouras Encantadas (Parte 2)
Nas lendas, as mouras encantadas surgem sob diversos tipos. Os mais comuns são:
A Princesa Moura é uma muçulmana encantada que habita num castelo ou forte e se toma de amores por um cavaleiro cristão do tempo da Reconquista, ou um guerreiro mouro. Estas lendas tendem a explicar a origem de determinada cidade e evocam personagens históricas.
A Moura-fiandeira é uma jovem belíssima de longos cabelos louros, que transporta um cesto com pedras sobre a cabeça, e uma roca à cintura. A tradição popular atribui a estas mouras a construção dos castros e citânias (povoados e cidades pré-romanos).
Se alguém se sentasse numa Pedra-Moura ficaria encantado, ou se alguma pedra encantada fosse levada para casa, os animais poderiam morrer. As Pedras-moura são guardiãs de riquezas encantadas.
Outra versão diz-nos em que a moura, em vez de ser uma pedra, vive dentro de uma pedra. A moura pode também ser descrita a viajar, sentada numa pedra que pode flutuar no ar ou na água.
A Moura-serpente é outra versão da moura encantada, aqui a bela donzela pode transformar-se numa serpente. Algumas destas mouras-serpentes, ou mouras-cobra, podem ser aladas ou tomar uma forma meio mulher meio animal.
A Moura-Mãe toma a forma de uma jovem encantada que está grávida, e a narrativa centra-se na busca de uma parteira que ajude no nascimento e na recompensa que lhe é dada.
A Moura-Velha é uma mulher idosa; as lendas em que aparecem mouras com figura de velha não são frequentes.
Os elementos que fazem parte das lendas de Mouras Encantadas são inúmeros, mas os mais comuns são:
O ouro das MourasO ouro pode aparecer sob as mais variadas formas: figos, pedras, carvões, saias, meadas, animais e instrumentos de trabalho. A obtenção dessas riquezas varia consoante o enredo do conto, tanto pode ser oferecido pela moura como recompensa, como roubado, ou achado. Frequentemente encontra-se dentro de uma panela enterrada, ou qualquer outro recipiente, o que levanta a questão se este elemento alude a uma urna funerária.
O dia de São JoãoAcredita-se que no dia de S. João as mouras aparecem com os seus tesouros, e é nesta data que se pode quebrar o seu encantamento. As mouras espalham os seus tesouros num penedo ao luar ou então, durante o dia quando o Sol os pode iluminar.
De notar que o dia de S. João marca o solstício de Verão, o que leva alguns autores a afirmar que a sua referência possa estar associada a algum culto solar da época pré-cristã.
A fonteÉ um dos locais onde as mouras aparecem frequentemente, muitas vezes como serpentes. Em certas narrativas são atribuídas virtudes mágicas às suas águas.
O encantamentoEste é sempre atribuído de uma figura masculina, de maneira geral ao pai, a outro mouro ou algum génio; qualquer um deles a deixou a guardar os tesouros. Nas lendas, a moura pode aparecer sozinha, acompanhada de outras mouras encantadas, pelo pai ou irmão e ainda pela pessoa amada.
O desencantamentoPara que o desencantamento da moura se realize, normalmente é solicitado segredo, um beijo, um bolo ou pão sem sal, leite, pronunciar algumas palavras mágicas, ou a realização de alguma tarefa, como não olhar para algo velado e aguentar a curiosidade. Se se falhar na missão solicitada a moura continuará encantada e o herói não obtém o tesouro desejado ou a moura amada.
A mouramaÉ o um local mágico onde moram os mouros encantados.
O tempo da mourariaÉ uma expressão usada nestas narrativas, que representa um tempo incerto no passado, a mesma referencia intemporal do "Era uma vez" ou o "Há muito muito tempo", com que começam os contos de fadas.
OutrosAs mouras eram associadas a vários fenómenos naturais e aos elementos da natureza. Acreditava-se que o eco era a voz das mouras. Algumas lendas contam que há locais onde ainda é possível ouvir uma moura a chorar.
Os monumentos funerários são frequentemente associados às mouras. Em algumas regiões, as antas são as Casas da Mouras e acreditava-se que elas viviam lá.Curiosidade:
A lenda do ouro das mouras atraiu alguns caçadores de tesouros. Na busca de riqueza e fama, eles escavavam nos locais onde as lendas diziam haver tesouros causando a destruição de alguns monumentos históricos como mamoas e antas.
Bibliografia: Alexandre Parafita "A Mitologia dos Mouros"; "Revista Portuguesa de Arqueologia"; José Leite de Vasconcelos (vários textos)
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