Artes Visuales
Solange Magnano e a Eterna Juventude!
No Paleolítico Superior (cerca de 40.000 a.C.) as mulheres que ostentassem enormes barrigas e mamas eram verdadeiramente belas e apetecíveis. Elas eram voluptuosas e despertavam o prazer dos homens. Estas divas da beleza eram o garante da preservação da espécie. Se a sua cintura não afinasse e se os seus seios se mantivessem grandes e pesados, elas eram quase idolatradas e todos os machos as desejavam. É possível que estas mulheres, sedutoras e belas, tentassem manter a sua forma redonda o maior espaço de tempo possível, e deste modo tinham o poder de escolher os guerreiros mais fortes e destemidos.
Quantas mulheres terão desejado alargar a cintura, quantas se terão envergonhado dos seus seios firmes de pele sedosa?
Com o Renascimento, o ideal feminino altera-se. As mulheres belas aparecem-nos com curvas generosas, um ventre proeminente e fértil. As mamas são pequenas e firmes revestidas por uma pele branca e macia. Este facto pode significar que, no imaginário masculino, a beleza da mulher passa pela sua capacidade de procriação. A delicadeza dos seus seios, pescoço e ombros, tal como o facto de serem portadoras de uns membros esguios e bem torneados são igualmente condição, para a obtenção do estatuto de deusa. Quantas mulheres terão tentado esconder os seus grandes seios e inventado infusões fantásticas para obterem uma pele branca e macia de veludo?
Beirando o Sec. XIX, o ideal feminino sofre mais mudanças. Aos olhos dos homens a sensualidade e erotismo femininos dependiam agora de um corpo esguio, uma barriga lisa e cintura fina. Os seios eram idealizados médios e a pele que cobre um corpo ideal é clara e sem defeitos. O seu sexo, visível, é agora concebido apenas para o prazer da prática. O pudor de esconder o sexo deixa de ser importante, porque a beleza é perdida após a procriação. As mulheres que concebem muito raramente conseguem alcançar o padrão de beleza imposto nesta época. Belas são as jovens prostitutas. É por isso que proliferam, como cogumelos, os bordéis nas grandes cidades.
Quantas mulheres não terão sofrido tormentos, partido costelas e quase morrer sufocadas, por usarem os espartilhos tão apertados?A partir de 1960 surge outra revolução nos padrões de beleza. As mulheres emancipam-se, o cinema e a televisão tornam-se meios de comunicação acessíveis a todos e as actrizes passam a ser as divas do imaginário masculino. Nos EUA o impacto da publicidade é enorme e dissemina-se por todo o mundo. As actrizes americanas são copiadas nos gestos, nas poses, na maquilhagem e cor do cabelo. As mulheres fazem qualquer coisa para igualarem a silhueta de Marilyn Morroe e treinam os seus maneirismos infanto-sensuais ao espelho.
Na Europa, com Audrey Hepburn, surge um culto um pouco diferente. A magra, ossuda e elegante actriz-modelo é referência para um “abanão” no culto das formas mais exuberantes das actrizes americanas. E então, as mulheres comuns e da alta sociedade começam a fazer desporto, dietas e ginástica para conseguirem os padrões de beleza instituídos. Os cremes de rejuvenescimento vendem-se às toneladas e as empresas de cosméticos enriquecem. As mulheres estão mais belas, mais jovens e saudáveis.
Quantas delas terão deixado de dar aquela atenção especial ao filho, ou ao velho pai, em prol de duas horas diárias no ginásio? Quantas terão adoecido devido a dietas incorrectas?Mas o mundo não pára e a ideia de prolongar a juventude, ser independente e mãe é vendida sob todas as formas de publicidade. Uma mulher consegue! Nos anos 80 começa então a moda da avó sem rugas. Plantam-se por todo o lado clínicas privadas onde se pode rejuvenescer. Sem dietas. Sem desporto. É o tempo de tirar. Tiram-se as rugas do rosto e o excesso de gordura das ancas. O Elixir da Vida Eterna está a caminho.
Entretanto, mais uma vez mudam os padrões de beleza. No segundo milénio o que importa é descaracterizar os povos e as raças. Os brancos podem aspirar a ter uma tez mais bronzeada e os pretos podem aspirar a ter uma pele mais clara. As mulheres que não gostam dos seus lábios finos e bem delineados, compram lábios grossos e sensuais. E se a mulher é elegante, mas as suas características genéticas apenas lhe deram umas mamas pequenas? Não faz mal: marca-se uma cirurgia e num abrir e fechar de olhos o símbolo sexual que lhe faltava, já lá está!
Tem uns glúteos pequenos? Pouco importa: num fechar de olhos eterno o seu rabo ficará apetecível para qualquer macho passar a mão.
Quantas mulheres terão fechado os olhos para sempre na mesa de operações de uma clínica de estética? Não sabemos. Não é importante que se saiba. Sabemos que Solange Magnano morreu aos 38 anos. Morreu ao tentar ficar ainda mais bela, segundo os padrões instituídos. Uma jovem mãe com dois filhos gémeos de oito anos, perdeu a vida em prol da Eterna Juventude.
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